A partir deste final de semana entrou em definitivo no ar a rádio Atividade. A rádio comunitária é fruto do sonho e persistência de Jairo dos Santos Azeredo. Ele é filho de Barra do Riacho e membro da maior família de Barra do Riacho, a família Azeredo. Os moradores da comunidade poderão ouvir a rádio FM sintonizando a freqüência 98,5.
A rádio vem ocupar um lugar de destaque na comunidade e será um importante meio de entretenimento, divulgação e canal de notícias. Segundo o proprietário, haverá espaço para as entidades religiosas, públicas e comerciais, bem como para as associações de moradores.
As expectativas são ótimas e espera-se que os barrenses dêem o devido apoio a esta importante iniciativa. Valorizá-la não só por que é de um filho do lugar, mas principalmente pelas possibilidades que proporcionará nas áreas da saúde, educação e segurança pública, através de informativos e campanhas educacionais.
Seja bem vinda Rádio Atividade. Parabéns Jairo, que Deus possa continuar abençoando sua família.
Para fomentar, repercutir e mudar, se tiver que mudar. Mas acima de tudo, para marcar posição.
domingo, 27 de junho de 2010
A Aracruz Celulose se extinguiu e a dívida não pagou
A Aracruz Celulose – Arcel, acabou. Extinguiu-se enquanto pessoa jurídica, gerida por pessoas que sempre tiveram como objetivo maior a geração de lucros para os acionistas. Não acabou enquanto atividade produtiva. Essa continua em nosso quintal, apesar de muitos acharem que a assertiva inversa é a verdadeira.
Quando a Aracruz chegou mudou tudo ao seu redor. Mudou o meio ambiente, mudou a cidade, mudou as pessoas, mudou a vida. Com ela veio o asfalto, veio o dinheiro, vieram as pessoas. Mas também trouxe a poluição, a criminalidade, o desassossego e a desigualdade.
Desigualdade reflexa de uma política discriminatória.
Quando a Arcel chegou, Barra do Riacho – BR, já existia. Era um lugar bucólico cuja fonte de renda dos moradores girava em torno da pesca. Artesanal, diga-se de passagem. Éramos poucos, conhecíamo-nos todos, tínhamos manifestações religiosas e culturais. Enfim, tínhamos uma identidade.
Da noite para o dia, a Arcel instalou no seu canteiro de obras centenas de trabalhadores, oriundas de vários lugares do Brasil, os quais eram em maioria esmagadora, homens semi-analfabetos, mão-de-obra barata. Foram alojados em galpões de madeira que ofereciam pouco conforto para os trabalhadores. Suas diversões? Jogavam futebol e à noite procuravam o vilarejo mais próximo, BR, que passou a oferecer um tipo de comércio que mexia com a moral do lugar e pasmem, passou a distingui-la dos demais vilarejos: surgiram as boates, verdadeiros antros de prostituição.
Com o fim das obras, a maioria foi embora, mas muitos por aqui ficaram e se estabeleceram. Gente ruim e gente de bem.
Pré-arcel, Barra do Riacho tinha cerca de mil moradores, uma creche escolar, uma escola pública de ensino fundamental, um comércio que dava para o gasto (não se precisava de muito e essa não era a cultura), um rio limpo (a maioria das casas tinha fossas), abundância de peixes, pássaros e animais. Pós-aracruz, o lugar passou a ter mais três mil moradores, uma creche escolar, uma escola pública, um comércio que dá para o gasto (apesar de se querer mais, afinal, a cultura mudou), um rio poluído, escassez de peixes e animais, desemprego, prostituição, drogas, violência e baixo auto-estima. Este era o quadro até início da década de 90, com pouquíssimas mudanças até hoje.
Paralelo a tudo isso, Barra do Riacho acompanhou o surgimento e o crescimento de um bairro novo, o bairro do Coqueiral. Patrocinado pela Arcel, o bairro surgiu com ruas asfaltadas e planejadas, casas boas com água encanada e rede de esgoto, um centro comercial, um clube de lazer para os altos dirigentes da empresa (o clube da orla), um clube de lazer para os funcionários (o Zincão), posto de saúde, posto de combustíveis, e ainda, pasmem, segurança particular. Um verdadeiro condomínio privado.
Assim, a geografia da Orla de Aracruz passou a apresentar a realidade de dois bairros distintos: de um lado, um vilarejo cuja principal referência, era a zona de prostituição; do outro, um bairro endinheirado, com todas as facilidades que se podia oferecer. O primeiro mudou, sobretudo por causa da Arcel e outro surgiu também em função da Arcel.
Passados três décadas o quadro não mudou muito, ou mudou?
Não quero aqui dizer que todos os problemas de BR são responsabilidade da extinta Arcel. Muitos dos problemas de BR existem pelo descaso das autoridades municipais e BR continua a sofrer esse descaso, assim como toda a orla do município.
O que quero enfatizar é a desigualdade de tratamento. A Arcel nunca foi parceira da comunidade e pior, além de tratar a comunidade com descaso, tratou-a com discriminação. Por que investir em um bairro inteiro e noutro não, justamente o bairro que escolheu para aportar? Por que não investiram na mão-de-obra barata? Por que nunca enxergaram os problemas criados com sua instalação?
Como se vê a dívida da Arcel com a BR não era monetária. Era social. E se foi sem pagá-la.
Quando a Aracruz chegou mudou tudo ao seu redor. Mudou o meio ambiente, mudou a cidade, mudou as pessoas, mudou a vida. Com ela veio o asfalto, veio o dinheiro, vieram as pessoas. Mas também trouxe a poluição, a criminalidade, o desassossego e a desigualdade.
Desigualdade reflexa de uma política discriminatória.
Quando a Arcel chegou, Barra do Riacho – BR, já existia. Era um lugar bucólico cuja fonte de renda dos moradores girava em torno da pesca. Artesanal, diga-se de passagem. Éramos poucos, conhecíamo-nos todos, tínhamos manifestações religiosas e culturais. Enfim, tínhamos uma identidade.
Da noite para o dia, a Arcel instalou no seu canteiro de obras centenas de trabalhadores, oriundas de vários lugares do Brasil, os quais eram em maioria esmagadora, homens semi-analfabetos, mão-de-obra barata. Foram alojados em galpões de madeira que ofereciam pouco conforto para os trabalhadores. Suas diversões? Jogavam futebol e à noite procuravam o vilarejo mais próximo, BR, que passou a oferecer um tipo de comércio que mexia com a moral do lugar e pasmem, passou a distingui-la dos demais vilarejos: surgiram as boates, verdadeiros antros de prostituição.
Com o fim das obras, a maioria foi embora, mas muitos por aqui ficaram e se estabeleceram. Gente ruim e gente de bem.
Pré-arcel, Barra do Riacho tinha cerca de mil moradores, uma creche escolar, uma escola pública de ensino fundamental, um comércio que dava para o gasto (não se precisava de muito e essa não era a cultura), um rio limpo (a maioria das casas tinha fossas), abundância de peixes, pássaros e animais. Pós-aracruz, o lugar passou a ter mais três mil moradores, uma creche escolar, uma escola pública, um comércio que dá para o gasto (apesar de se querer mais, afinal, a cultura mudou), um rio poluído, escassez de peixes e animais, desemprego, prostituição, drogas, violência e baixo auto-estima. Este era o quadro até início da década de 90, com pouquíssimas mudanças até hoje.
Paralelo a tudo isso, Barra do Riacho acompanhou o surgimento e o crescimento de um bairro novo, o bairro do Coqueiral. Patrocinado pela Arcel, o bairro surgiu com ruas asfaltadas e planejadas, casas boas com água encanada e rede de esgoto, um centro comercial, um clube de lazer para os altos dirigentes da empresa (o clube da orla), um clube de lazer para os funcionários (o Zincão), posto de saúde, posto de combustíveis, e ainda, pasmem, segurança particular. Um verdadeiro condomínio privado.
Assim, a geografia da Orla de Aracruz passou a apresentar a realidade de dois bairros distintos: de um lado, um vilarejo cuja principal referência, era a zona de prostituição; do outro, um bairro endinheirado, com todas as facilidades que se podia oferecer. O primeiro mudou, sobretudo por causa da Arcel e outro surgiu também em função da Arcel.
Passados três décadas o quadro não mudou muito, ou mudou?
Não quero aqui dizer que todos os problemas de BR são responsabilidade da extinta Arcel. Muitos dos problemas de BR existem pelo descaso das autoridades municipais e BR continua a sofrer esse descaso, assim como toda a orla do município.
O que quero enfatizar é a desigualdade de tratamento. A Arcel nunca foi parceira da comunidade e pior, além de tratar a comunidade com descaso, tratou-a com discriminação. Por que investir em um bairro inteiro e noutro não, justamente o bairro que escolheu para aportar? Por que não investiram na mão-de-obra barata? Por que nunca enxergaram os problemas criados com sua instalação?
Como se vê a dívida da Arcel com a BR não era monetária. Era social. E se foi sem pagá-la.
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